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"Se o (actual) povo português fosse um povo de intensidades e não de sentimentos e de medo (como Fernando Pessoa caracterizava o povo espanhol contrapondo-o ao povo português), há muito que teríamos saído do estado de iliteracia e de fragilidade económica em que vivemos. Em vez disso, sofremos de muitos defeitos próprios das sociedades do terceiro mundo: absentismo no trabalho, inércia, dificuldades na formação e na aprendizagem, lentidão, falta de competitividade. Como se tivéssemos sido atingidos por uma doença que nos deixa diminuídos, meio exangues, com um défice de força vital. ......... Entre o laxismo da não acção e a tentação do despotismo jurídico, o que escolher? ....... Há, primeiro, que erradicar o medo da sociedade portuguesa. Conquistar a maioridade, dessubjectivando-se ao enfrentar o acontecimento. Fazer explodir a imagem de si. Porque todos nós andamos "praqui" como Álvaro de Campos que dizia que "nunca conheceu quem tivesse levado porrada./Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo."" in Gil, José, "Portugal, hoje - O medo de existir"