outra vez
Mais uma vez Clara Ferreira Alves contradiz-se na sua Pluma Caprichosa do último Expresso ( 24/09/2005 ). O artigo chama-se Little Portugal e começa por ser um elogio rasgado a uma série de comédia que passa na RTP2 com o título "Little Britain". Por acaso não conheço, mas fiquei com apetite pois, pela descrição, parece-me ser o meu tipo de humor: "humor de mau gosto, politicamente incorrecto, brutal, alarve, gráfico, explícito, pornográfico". Até aqui tudo bem. Começa a seguir a crítica às reacções dos portugueses a este tipo de humor, tipo a galinha da minha vizinha é sempre melhor que a minha, que tão típico é dos portugueses: "Se a RTP1 passasse uma série de comédia, feita por portugueses, com um terço das piadas grossas de "Little Britain", aplicadas à realidade portuguesa e às suas instituições, caíam o Carmo e a Trindade e a série acabava proibida, tenho a certeza.....Não podem fazer isto, não pode fazer aquilo, é o que dizem as discretas e opressivas potestades nacionais.....Creio que existem na sociedade portuguesa, e na sua repressão constante, mecanismos de autocensura accionados o tempo todo, como não existem na Grã-Bretanha, velha e exemplar democracia protestante." Até aqui continua tudo bem. Eu até estou de acordo com tudo o que se escreveu. Vem depois o justificativo do título do artigo. Como não temos uma série de comédia deste tipo ( será que alguém em Portugal conseguirá alguma vez fazer algo parecido? ) Clara Ferreira Alves sugere alguns sketeches retirados da realidade portuguesa da última semana aos quais daria o nome de Little Portugal. Continua tudo bem. Até concordo com alguns dos sketeches, como o do debate entre os candidatos à CML, Carmona Rodrigues e Manuel Maria Carrilho. É quando aponta o reality-show "1ªCompanhia" que deixa de estar tudo bem: ",...a estreia de um reality-show chamado "1ªCompanhia" que acaba de vez com esse último bastião da dignidade e da honra nacionais,..." Pois é, lá estão os tais "..mecanismos de autocensura accionados o tempo todo" e de tal forma que há quem nem dê por eles. No resto do artigo está tudo bem.