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25 Abril 2008 | por Fernanda Câncio
Às vezes apetece-me agarrar em certas pessoas e levá-las numa viagem no tempo. Há filmes para isso, e até séries de TV - do Conta-me como Foi aos domingos na RTP1 à Guerra, o espantoso documento de Joaquim Furtado sobre a guerra colonial que está de novo a ser transmitido pela RTP2. Mas sei que não funcionam. Nem funcionaria, sequer, uma viagem aos anos pré-1974. Se nem a memória funciona para quem os experimentou, como esperar que alguma coisa funcione?
Quando oiço ou leio elogios a Salazar e ao “outro tempo” a gente que tem idade para se lembrar, fico estupefacta. Nunca deixa de me espantar que se considere que “se vivia melhor” ou “havia mais segurança”. É que não é uma questão subjectiva: não me venham com questões subjectivas. Nada há mais objectivo que os indicadores do Instituto Nacional de Estatística, e a forma como nos últimos 34 anos as provas do bem-estar dos portugueses aumentaram de modo quase milagroso. A mortalidade infantil e materna, por exemplo: passámos de um índice de país do Terceiro Mundo para um dos mais honrosos da UE. A esperança de vida. A electricidade, a água canalizada, as casas de banho dentro das casas. A quantidade de jovens que conseguem aceder ao ensino superior. Quem acha que isso não tem nada a ver com a democracia e que era inevitável deve questionar-se, por exemplo, sobre o motivo pelo qual em quase todos os países totalitários, independentemente da sua riqueza, a maioria das pessoas vive tão mal.
Porque antes da democracia a esmagadora maioria dos portugueses vivia mal. Havia miséria como não há, nem por sombras, hoje. Havia pobreza como não há, nem por sombras, hoje. Há gente a viver mal hoje, idosos com reformas miseráveis. Mas antes da democracia não havia sequer reforma garantida para todos - lembram-se? E podia não haver carjacking - não havia sequer carros que chegassem para isso - mas havia tropa obrigatória, lembram-se? E minas nas picadas, e emboscadas na selva. Quantos portugueses morreram, obrigados, na guerra? Quantos voltaram deficientes? Quantos tiveram de fugir para não serem enviados para África? Quantos fugiam, “a salto”, para tentar uma vida melhor no estrangeiro? Quantos morriam de medo de dizer alguma coisa errada que os levasse a serem considerados anti-regime, a perder o emprego, a serem presos? Era seguro, ser português? Era seguro, viver numa ditadura?
Há, claro, sonhos que se perderam e traíram. Não somos todos felizes - mas só nos cartazes das ditaduras toda a gente sorri. Os amanhãs cantaram, mas desafinados para muitos ouvidos. Desafinam ainda, e ainda bem - porque agora depende tudo de nós, e cada voz canta diferente. Sobretudo, não me digam que “há medo de falar” nem usem a palavra “fascismo” a torto e a direito. Porque é ridículo, demasiado ridículo, mas porque, sobretudo, é um insulto a todos os que realmente souberam o que era ter medo e viver num regime totalitário, todos os que no “dia inicial, inteiro e limpo” de Sophia se sentiram, enfim, inteiramente inteiros.
(retirado do blogue 5 dias)
Aqui fica para todos poderem ver. Isto é daquelas coisas que só vistas, contadas ninguém acredita.
Sob a capa de um blogue uma pessoa que não me conhece ameaça-me e insulta-me. E porquê? Porque tive a ousadia, imaginem, de , no MEU blogue, colocar um post que não terá agradado a esta sinistra pessoa. Vai daí achou-se no direito de fazer um comentário (que de comentário nada tem) a esse post. Como eu coloquei esse pseudo comentário aqui no meu blogue, decidiu ir mais longe e enviar para o meu endereço electrónico estas pérolas que aqui vos deixo. Para que saibam que antes de visitarem o blogue A Sinistra Ministra devem pensar duas vezes. Ou correm um sério risco: o de serem insultados, caluniados e ameaçados.
Penso encerrar aqui esta novela mexicana, mostrando assim a minha superioridade em relação a uma pessoa que insiste até ao último momento em acusar-me de uma coisa que nunca fiz.
Será apenas por causa do post???
fromA Sinistra Ministra <sinistraministra@gmail.com>
toanalee8@gmail.com,
dateTue, Apr 22, 2008 at 3:27 PM
subjectJá que não me permitiu comentar no seu blogue
mailed-bygmail.com
hide details Apr 22 (2 days ago) Reply
Ana Maria Dias, professora na Escola secundária da Amadora,
ter conhecimento de quem nos visita não é pidesco. Agora, andar nos blogues dos outros a insultar isso é que já não é bonito ... sobretudo quem o faz de modo anónimo. E pior, não a conheço de lado algum pelo que considero muito estranhos o seu comportamento.
Não tenciono voltar aqui. Espero que nos deixe livres dos seus comentários cobardes.
Reenvio para todos os colaboradores do blogue A Sinistra Ministra para que tomem conhecimento.
Passar bem.
fromAna Dias <analee8@gmail.com>
toA Sinistra Ministra <sinistraministra@gmail.com>,
dateWed, Apr 23, 2008 at 9:59 PM
subjectRe: Já que não me permitiu comentar no seu blogue
mailed-bygmail.com
hide details Apr 23 (1 day ago) Reply
Eu permiti e continuo a permitir que faça comentários no meu blogue. Qualquer pessoa o pode fazer. Caso contrário não tinha caixa de comentários. Não tenho por hábito insultar ninguém. Realmente vê-se que não me conhece. O insulto vem de si ao afirmar que eu ando nos blogues dos outros a insultar. Gostava que me provasse isso com factos e que não se ficasse por cobardes insinuações.
Agora vou explicar-lhe, pois parece não ter percebido, o que achei pidesco no seu pseudo comentário. Digo pseudo comentário porque não se tratou propriamente de comentar o conteúdo do post. Tratou-se apenas de uma ameaça velada (tal como esta) ilustrada por uma lista pormenorizada das visitas que fiz ao seu blogue no dia 20 de Abril de 2008. Não era necessário dar-se ao trabalho, tinha-me perguntado que eu dizia-lhe. Não costumo fazer nada "pela calada da noite". Assim como o meu nome e profissão. Perguntava-me e eu dizia-lhe. Escusava, sei lá, de ter andado, sabe-se lá por onde, para descobrir essas informações. É essa veia de "informador"que eu considerei e continuo a considerar PIDESCA. E outra coisa, como já lhe disse no comentário que fiz ao seu comentário: VOU CONTINUAR A VISITAR O SEU BLOGUE AS VEZES QUE QUISER. SOU LIVRE E VIVO NUM PAÍS LIVRE!!!
E por falar em liberdade, bom 25 de Abril para si.
Já agora, diga-me lá o seu nome e profissão. É que eu não tenho essa veia de informadora que a si lhe cai que nem uma luva.
Passar bem pra si também
ANA
fromA Sinistra Ministra <sinistraministra@gmail.com>
toAna Dias <analee8@gmail.com>,
dateWed, Apr 23, 2008 at 10:15 PM
subjectRe: Já que não me permitiu comentar no seu blogue
mailed-bygmail.com
hide details Apr 23 (1 day ago) Reply
então, divirta-se. evite os comentários anónimos já que é uma pessoa tão recta. mas se quiser continuar, continue. Para mim, há exercícios engraçados e este foi um deles.
fique bem.
Lisboa, 23 Abr (Lusa) - O primeiro-ministro, José Sócrates, manifestou hoje ao escritor José Saramago o reconhecimento do Governo e do Estado português por tudo o que ele tem feito pelo prestígio da Língua Portuguesa e de Portugal.
Sócrates falava na inauguração de uma exposição sobre a vida e obra do Prémio Nobel português da Literatura, intitulada "A Consistência dos Sonhos", na Galeria D.Luís I, do Palácio da Ajuda, onde compareceu acompanhado de vários ministros do seu Executivo.
"Estou aqui com grande prazer pessoal mas, mais do que isso, estou aqui também para cumprir um dever e para publicamente afirmar, em nome do Governo português, do Estado português e (tenho a certeza) interpretando o sentimento do povo português, manifestar o reconhecimento por tudo o que José Saramago tem feito em prol do prestígio da Língua Portuguesa e em prol do prestígio de Portugal", declarou.
ANC/FC.
Lusa/Fim
Foi com agrado que li esta notícia.
Boa forma de comemorar o dia do Livro.
Variações sobre O POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO de Alexandre O'Neill Os ratos invadiram a cidade povoaram as casas os ratos roeram o coração das gentes. Cada homem traz um rato na alma. Na rua os ratos roeram a vida. É proibido não ser rato. Canto na toca. E sou um homem. Os ratos não tiveram tempo de roer-me os ratos não podem roer um homem que grita não aos ratos. Encho a toca de sol. (Cá fora os ratos roeram o sol). Encho a toca de luar. (Cá fora os ratos roeram a lua). Encho a toca de amor. (Cá fora os ratos roeram o amor). Na toca que já foi dos ratos cantam os homens que não chiam. E cantando a toca enche-se de sol. (O pouco sol que os ratos não roeram). Manuel Alegre
.......e quando cheguei a casa Simply Red na RTP2.
Noite de boa música.
Parece que algumas pessoas não perceberam o meu post anterior.
Passo a explicar: o que é vergonhoso não é o facto de estarem contra o governo. O que é vergonhoso é mascararem esse sentimento de descontentamento (legítimo em democracia) por baixo da capa de uma classe profissional. Vivemos num país democrático. Arranjem alternativas, formem um novo partido, mas NÃO SE ESCONDAM SOB A CAPA DE UMA CLASSE PROFISSIONAL!!!
Isso sim é vergonhoso!!!