Ora então é assim:
A menina, coitadinha, com a perninha partidinha lá se conseguiu arrastar sozinha até à casa do vizinho e disse:
- Ó vizinho, eu tropecei numa tainha e parti uma perninha. O meu amigo lá de casa não me quer levar ao hospital. Será que o vizinho me dava uma ajudinha que eu, coitadinha, já estou fartinha?
E o vizinho disse:
- É para já vizinha. Venha lá que eu ajudo-a.
E assim foi. O vizinho levou a menina, coitadinha, com a perninha partidinha até ao hospital.
Da janela da cozinha o menino assistia a tudo e gritava:
- Vais ver o que te vai acontecer! Vais ficar completamente desgraçadinha. De certeza que não vens de lá com a perninha inteirinha. Tiram-te o joelho e alguns dedos. Vais ver nunca mais te pões em pé. E andar então nem se fala.
Passaram uns dias. A menina, coitadinha, regressou a casa.
Trazia a perninha toda engessadinha,mas vinha pelo seu próprio pé.
O menino lá estava, sempre atento, na janela da cozinha e gritava:
- Olha, olha. Ai vens pelo teu próprio pé!? Coitada, nem sabes o que te vai acontecer (e o menino também não sabia, mas isso agora não interessa nada). Vai ser uma tragédia, uma grande tragédia.....
Entretanto, noutra janela, um moço bem apessoado dizia:
- Eu sempre disse que aquele vizinho era muito boa pessoa. Estou contente porque a menina, coitadinha, consertou a sua perninha partidinha da melhor forma. Estou também contente porque EU ia a sair de casa quando o vizinho levou a menina, coitadinha, para o hospital e fui EU que ajudei a metê-la dentro do carro. Estou contente!
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