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A Ritinha

O blogue das birrinhas da Ritinha. Umas melhores, outras piores. Como tudo na vida.

A Ritinha

O blogue das birrinhas da Ritinha. Umas melhores, outras piores. Como tudo na vida.

16.Nov.12

Ontem foi dia de sentir, hoje é dia de pensar ou de como com papas e bolos se enganam os tolos

Agora que o tempo já cumpriu o seu papel e a emoção já não me embota a razão, agora que já consigo refletir sobre os acontecimentos, confesso que, realmente, este governo é de uma perversidade que vai acabar por nos levar à desgraça completa.

O que se passou ontem em frente à Assembleia da República foi um dos planos mais bem urdidos a que já assisti  no meu país (felizmente era muito pequena quando se urdiam com regularidade planos parecidos com este. Desses tenho apenas conhecimento, mas assistir na primeira pessoa é realmente aterrador).

Não vou aqui narrar o que se passou ontem. Já muitos o fizeram e de perspetivas muito diferentes.

Deixo apenas algumas ideias/questões para reflexão:

 

1 - Sabemos que as manifestações da CGTP são organizadas ao milímetro. Mas ontem conseguiram "despachar" tudo numa hora e trinta minutos. Na conferência de imprensa, à noite, Arménio Carlos deixou entrever nas entrelinhas do seu discurso que já esperava que aquela manifestação descambasse em violência.

Pk não avisou então as centenas de pessoas que ficaram em frente à AR? Pk isso não fazia parte do "guião" da "sua" manifestação? Pk quer continuar a ser "o dono" da rua? Pk, afinal, é apenas mais uma peça da engrenagem da qual este governo também faz parte?

 

2 - Em frente ao cordão policial, a escassos metros, às 17 horas, eram 5 ou 6 as pessoas que atiravam pedras.

Pk não atuou a polícia como nas outras manifestações, levando um a um pelas escadas da AR acima aqueles que estavam a provocar distúrbios? Pk esperou uma hora e meia para finalmente carregar sobre TODOS os manifestantes? Pk permitiu a polícia que a situação derivasse para uma onda de violência que deixou um rasto de destruição por vários locais de Lisboa? Pk acabou a polícia, já a altas horas da noite, a prender aleatoriamente pessoas que nem sequer tinham estado na AR?

Pk "quis" mostrar a sua paciência e serenidade? Pk "quis" que todo o país visse (os acontecimentos estavam a ser passados em direto em vários canais de TV) que aquelas centenas de pessoas não passavam de um bando de arruaceiros e, como tal, a partir daquele momento, vai passar a agir sempre assim castigando as centenas de "perigosos radicais"? Pk "quis" que o país visse que manifestações destas nunca mais serão permitidas (a partir daquele momento só as manifestações da CGTP, ordeiras e organizadas a gosto do governo)?

 

3 - Às 20 horas Miguel Macedo falou ao povo. Elogiou (pasme-se) a CGTP. Disse que os incidentes foram provocados por "profissionais da desordem." Profissionais a mando de quem Sr. Ministro?

 

De tudo isto fica bem claro (tudo o resto é muito obscuro) o seguinte: o dia de ontem serviu dois interesses, o interesse da CGTP que assim recuperou o seu estatuto de "dona" da rua, tendo direito a conferência de imprensa onde se arvorou também "dona" da greve geral; e o interesse do governo que assim conseguiu, a partir de ontem, uma justificação para poder carregar sobre todas as manifestações que não sejam ordeiras e organizadas a seu gosto.

A CGTP e o governo são, afinal, peças de uma mesma engrenagem. Só que, em pouco tempo, uma delas vai ser completamente desfeita pela outra. Esperamos, nessa altura, ver a sua reação.

 

14.Nov.12

...

 

Estou em greve.

Mas quero aqui deixar bem claro que não condeno aqueles que não estão, sejam quais forem as suas razões.

Sempre fui contra os chamados "piquetes de greve". Principalmente quando senti isso na pele, no tempo do outro (aquele malandro que é culpado de tudo isto, em Portugal e nos outros países???). Nessa altura os grevistas (muitos nunca tinham feito uma greve na vida) foram para a porta da escola ver quem fazia greve e quem se atrevia a ir trabalhar. Eu atrevi-me.

Para esses pseudo grevistas, quero aqui dizer que poderia hoje fazer-lhes o mesmo. Mas não. Sempre que fiz greve nunca fui para o meu local de trabalho pressionar de forma reles aqueles que não fazem. E hoje também não o vou fazer. Não desço ao nível, nem alimento a tentativa descarada e suja do primeiro ministro que, em desespero de causa, quer dividir o povo.

 

HOJE, MAIS DO QUE NUNCA DEVEMOS ESTAR UNIDOS!

 

 

13.Nov.12

...

Nunca gostei dela. Mas tolerava-a. Afinal coordena um projeto no qual sempre participei. Um projeto que ajuda todos aqueles que, em alturas menos boas das suas vidas, precisam de todos nós enquanto cidadãos responsáveis, atentos e justos.

Passei a detestá-la quando, há cerca de três anos, decidiu levar a tribunal Ana Ribeiro, fundadora do Banco Alimentar Animal.

Hoje tenho a confirmação daquilo que muitas vezes pensei sozinha, com receio de ser mal interpretada. Isabel Jonet não presta , não serve para estar à frente de uma instituição tão nobre.

Muitos me têm dito que tudo aquilo que ela disse na televisão na semana passada é verdade. Eu diria mais: tudo o que ela disse é um chorrilho de verdades de la Palisse. Posso aqui referir apenas duas. Que se não houver bifes para comer, não comemos bifes. Dahhhhhhhhhhhhh. La Palissada.

Que vamos ter que empobrecer. Dahhhhhhhhhhhhhhh. La Palissada. Mais do que la Palissada, Jonet mostra aqui ainda não ter percebido o que milhares de portugueses já perceberam: JÁ ESTAMOS MAIS POBRES.

E depois aquele brilhozinho nos olhos (eu vi e ouvi a entrevista toda) só de pensar que, a partir de agora, não vão ser quatro ou cinco campanhas por ano, para uns milhares de portugueses. A partir de agora a Jonet vai poder coordenar todas as semanas, todos os dias, campanhas para dez milhões de portugueses.

Aos que apresentam este argumento da veracidade das palavras da senhora para a defender, eu quero dizer que não perceberam nada. Não é isso que está em causa. Está em causa a DIGNIDADE HUMANA. Está em causa não saber distinguir entre o que pode dizer enquanto Isabel Jonet, cidadã comum e Isabel Jonet, presidente do BA. Não PODE dizer estas verdades em público. As pessoas sentem a sua dignidade ferida. E isso é muito mau. Perguntarão: entre salvar alguém de morrer à fome, mesmo ferindo-lhe a dignidade e deixar alguém morrer à fome, o que é melhor? A resposta cairá, com certeza sobre a primeira hipótese. No entanto, já dei por mim a questionar-me sobre esta hipotética situação: se estivesse com fome, pedindo esmola numa qualquer esquina da cidade, aceitaria a ajuda das Jonets deste mundo, ou preferia ficar com fome? Gritarão muitos: dizes isso, porque nunca passaste fome. É verdade, felizmente. Mas só o facto de colocar esta hipótese, o facto de refletir sobre esta situação confirma uma verdade: a dignidade do ser humano é muito importante e, quando molestada, pode tornar-se muito perigosa. A História está cheia de casos que o comprovam.

Por tudo isto gostaria de ver à frente desta instituição alguém com outra mentalidade. E não tem nada a ver com ter ou não dinheiro, pertencer ou não a esta ou àquela classe social. Conheço pessoas com dinheiro que ajudam outras pessoas, mas sem ostentarem esta mentalidade. Conheço pessoas de classe média que apresentam esta mentalidade. De caridadezinha, de ajudar os outros para, no fundo, se ajudarem a si mesmas.

Não. Quero alguém à frente desta instituição que salve pessoas de morrer à fome, mas que, ao mesmo tempo, não lhes fira de forma humilhante a dignidade. Porque o ser humano é capaz de tudo para conseguir comida para os filhos que choram com fome. Mas um dia chega a revolta. E isso é perigoso.

E é tudo isto que está em causa no discurso bacoco de Isabel Jonet.

E a veracidade das suas palavras poderá sempre guardá-la para o recato do seu lar, da sua família, dos seus amigos.

 

 

"'Tia' Jonet, aceite um conselho que não me pediu, mas eu lhe dou mesmo assim: regresse às lides do lar, entregue a gestão da grande Instituição que não é sua mas sim daqueles que a alimentam com as suas dádivas e aos muitos voluntários que...
de forma altruísta e sem exibicionismos bacocos ou entrevistas a atirar para o parvo, asseguram no dia a dia o seu funcionamento, quando não, todos aqueles que vivem da ajuda dos milhões de 'mecenas', correm o risco de ver essa ajuda comprometida pelo somatório de disparates que a 'tia' Isabel vai debitando."
excerto de um texto que circulou no Facebook