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A Ritinha

O blogue das birrinhas da Ritinha. Umas melhores, outras piores. Como tudo na vida.

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26.Mai.13

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 Então é assim: só ontem vi e ouvi. Por várias razões não me dei ao trabalho de ver o video do Martim.

Ontem, quando via o Governo Sombra, RAP e João Miguel Tavares fizeram uma dramatização óptima do diálogo entre Martim Neves e Raquel Varela. Foi óptima a dramatização. E a prova é que fiquei logo "doente". Fui então ao youtube ver o célebre video. Confere. Irritação maior ainda. Não em relação ao Martim, que me parece ser um rapaz activo, desembaraçado, criativo, com uma auto estima bem acima da média para um adolescente. Um adolescente que, como referiu também RAP, teve a sorte de ter uns pais que puderam ajudá-lo monetariamente a por o seu sonho em marcha. E puderam porque, seguramente, não ganham o salário mínimo. E ainda bem.

 A minha irritação, desilusão e sei lá mais o quê foi toda para as pessoas que se manifestaram acerca deste video (sim, que eu depois dei-me ao trabalho de ir pesquisar um pouquinho). E deparei-me com frases do género: boa Martim, dá-lhe rapaz e outras pérolas. A própria comunicação social tinha títulos como: rapaz de 16 anos destrói doutaramento de Raquel Varela, jovem de 16 anos humilha Raquel Varela e por aí fora.

Estas reacções mostram e confirmam a falta de formação /informação de muitos portugueses, que logo ali viram o rapazinho simples vencer o duelo com a "dótora" arrogante. Uau! Palmas! Não viram, nem perceberam, que, em último caso, a "dótora" estava ...... pasme-se a defendê-los enquanto trabalhadores.

O acidente que aconteceu há semanas numa fábrica do Bangladesh e que causou centenas de mortos veio confirmar aquilo que se sabe há muito tempo: para comprarmos roupa a preços baixos, há pessoas que vivem e trabalham em condições miseráveis. Pessoas que são escravizadas. Pessoas que ganham salários vergonhosos por dias e dias seguidos de trabalho. Pessoas que são exploradas desde que nascem até que morrem. É melhor isto do que estar desempregado? NÃO, NÃO É.

Martim Neves tem 16 anos e uma vida inteira à sua frente para perceber que existem umas "coisitas" muito importantes, sem as quais o ser humano não vive: dignidade, direitos, liberdade. As pessoas que ficaram radiantes com a resposta do rapaz não perceberam e temo que nunca venham a perceber. Pegando nas palavras de RAP, estas pessoas encarnam "o sonho do pensamento rústico-liberal: a verdade na boca da criança, o menino que faz ver à doutora, o bom senso prático a superiorizar-se ao saber académico." Este pensamento explica, em grande parte, a razão do actual governo continuar de pé, como explicou durante décadas a existência do salazarismo.

Cada povo tem o que merece.

  Por mim, desejo o melhor para o negócio do Martim.

 Com a Raquel Varela partilho, seguramente, o peso da consciência de comprar e utilizar produtos feitos à custa do sofrimento de milhares de pessoas. Mas isso não me retira o pensamento crítico.

 

 

16.Mai.13

Quando o nosso maior inimigo está.....em nós mesmos

Esta imagem circula nas redes sociais deixando no ar a pergunta: qual a diferença?

A resposta é muito fácil: a diferença é que José Mourinho é um profissional excelente e Jorge Jesus é um profissional mediano.

 

( e o texto deveria acabar aqui, segundo o sábio conselho de alguns amigos, hoje ao almoço, em frente ao cozido. Que este assunto não é para mim, que é baixo demais para uma pessoa como eu perder tempo com ele. Deveria, isso sim, preocupar-me com o facto de dar por mim a reflectir sobre isto e, quiçá, escrever mesmo um texto sobre essa preocupação. Não resisti. Mandei o conselho às urtigas)

 

Vou confessar uma coisa: tenho de Jorge Jesus uma ideia que até nem é muito má. Parece-me ser uma pessoa simples e humilde e, como treinador, acredito que ocuparia um outro patamar, caso a equipa que treina não fosse o SLB (como aliás aconteceu com todos os treinadores que ocuparam o mesmo lugar. Até o Special One passou por lá....e?...).

Porque, afinal, o que "estraga" o SLB são os adeptos. Coisa complicada. Afinal os adeptos são uma peça fulcral na engrenagem de qualquer clube desportivo.

O adepto do SLB sofre de um trauma, de uma síndrome e de uma deficiência. Respectivamente: o trauma do Pinto da Costa/FCP, a síndrome do filho único que um dia tem um irmão e a cegueira. A coisa complica-se porque a última não o deixa ver/reconhecer os outros dois. É, pois, quase impossível resolver esta situação que vem passando de pais para filhos.

O SLB foi, durante muitos anos, praticamente o único clube português com relevância, tanto em Portugal como no estrangeiro. Coexistia com o SCP que, também por isso, deveria ser mais respeitado pelos adeptos do benfica. Para além destes dois existia um outro clube que, apesar de ser mais antigo, dava pouco nas vistas. Em 1981, Jorge Nuno Pinto da Costa viria alterar esta situação. O FCP (clube de bairro como ainda hoje lhe chamam de forma depreciativa, os benfiquistas) passa a estar à altura do SLB e rapidamente o ultrapassa em todas as modalidades. Nasce aqui a síndrome do filho único que vê o seu lugar ocupado por um "irmãozinho". Nasce também o trauma Pinto da Costa. Este passa a simbolizar todos os demónios que assombram a noite benfiquista.

A partir daqui , grande parte das energias benfiquistas são canalizadas, ou para dizer mal do FCP e do seu presidente, ou para se vitimizarem (são sempre roubados e nunca jogam só contra uma equipa), ou para gritarem aos quatro ventos que são o maior clube do país e um dos melhores do mundo (grito típico daqueles que já foram, um dia,  estrela única no firmamento desportivo).

Ou seja, o adepto do SLB não sabe perder, mas também não sabe ganhar. Se perde é porque foi roubado, se ganha (ou mesmo antes de ganhar) logo se coloca numa situação de superioridade, arrogando-se o maior de Portugal e do mundo e escarnecendo os outros clubes (veja-se o que aconteceu durante esta época com o SCP). Vai flutuando numa espécie de limbo, assim entre a histeria do glorioso e a crença nas papoilas saltitantes, que, afinal, não passam de ervas daninhas que tudo secam à sua volta.

A manter-se assim, continuará a não chegar longe, porque não canaliza as suas energias para onde realmente deveriam ser canalizadas: os sucessos do seu clube. Tudo isto se torna pior, porque este comportamento disfuncional se alarga de forma contaminatória aos presidentes, aos treinadores e aos próprios jogadores.

O resultado está à vista.

 

ps: há outra diferença nesta foto. José Mourinho é bonito e charmoso. Jorge Jesus é feio e boçal. Por isso, o  

     primeiro pode cair de joelhos, de bruços, de cara no chão que sempre ficará bem "na foto"; o segundo não.

     Mas esta diferença só eu, que sou fútil, é que consigo ver.