O humanista que não o é também não é animalista quem é? É o Raposo
O Raposo nos últimos dias voltou a abrir a cloaca e deixou sair. É bom. Convém limpar.
E eu nem perderia tempo com ele. Mas o Raposo, no meio daquela ânsia adolescente de querer chocar, até escreveu algumas (poucas) coisas que fazem algum sentido.
Diz ele:
"O Expresso dizia ontem que centenas de pessoas, quase sempre crianças, foram atacadas no último ano e meio por cães de raças perigosas. Centenas. A minha pergunta só pode ser uma: quando é que vamos abater e depois proibir estes cães que foram desenhados pela natureza ou pelo homem para serem armas de defesa e de ataque? Quando é que vamos impedir que adolescentes imberbes andem com estas armas pelas ruas só porque sim, só porque dá aquele charme chunga-dread?
Como diz o meu amigo Bruno Faria Lopes, as conversas dos donos destes cães até fazem
lembrar as conversas dos fanáticos das armas nos EUA. Não acreditam? Sentem-se na rua ou nos jardins e oiçam as conversas bélicas. E, por falar em jardins, convém perceber que estes casos mediáticos são apenas a face mais visível de um conflito diário entre toda a espécie de cães e as crianças. Quem tem filhos em idade de brincar em jardins e parques sabe do que estou a falar: uma ida ao parque é sinónimo de um conflito frio ou quente com cães e/ou com donos de cães, porque os espaços que deviam ser das crianças estão sempre ocupados pela canzoada. E essa ocupação tem vários lados."
Neste pedaço de texto aproveita-se muito pouco. Apenas a parte de impedir adolescentes (ou adultos) de andarem com cães que os próprios treinaram para atacar e matar. E já agora proibir as tão conhecidas lutas de cães. Mas disto o Raposo não fala. Saberá da sua existência?
E saberá o Raposo que, tal como as pessoas, os cães podem enlouquecer e atacar os próprios donos? Sei de um caso, pastor alemão, lindo, dócil (algumas vezes lhe " fiz festas") que ao fim de anos de pacífica convivência atacou a dona. Tinha um tumor no cérebro que só lhe foi diagnosticado nesta altura.
O Raposo parece perceber que algumas raças de cães são "programadas" pelo homem para atacar e matar. Mas depois tolda-se-lhe a mente e não alcança que quem tem quer ser responsabilizado é o homem. Sim, esse Homem que ele tanto defende. Que não é o cão que deve ser abatido. Isso não resolve nada. Saberá o Raposo que alguns desses cães são recolhidos e adotados por outras pessoas que conseguem reeducá-los? E que os tais adolescentes chunga continuam a maltratar estes animais para fazerem deles armas de ataque e defesa?
Neste artigo o Raposo voltou à carga. Não contente com a teoria do "abata-se o cão", vem desta vez fazer juízos de valor sobre aqueles que não pensam como ele e a quem chama animalistas. Penso eu por contraste com humanistas. Grupo no qual ele se integra, claro.
Mas o Raposo não é humanista. O Raposo tem aquela cabecinha toda avariada. E eu só escrevi este texto para lhe dizer que o que dessacraliza a VIDA (humana ou não) é o ser humano. E que os animais não podem pagar por isso. Porque os animais não pensam.
Tal como o Raposo, na maior parte das vezes. Por isso vou desculpá-lo. Mais uma vez.