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Mais uma vez a comunicação social a prestar um mau serviço. A ser parcial. A focar-se naquilo que, neste momento, não é o mais importante. Que Putin é um ultra conservador que não tem lugar nas nossas vidas, penso que todos já sabíamos. Mesmo que alguns mais distraídos não soubessem não me parece que fosse esta a ocasião para o fazer ressaltar. Neste discurso há pontos muito mais importantes tendo em conta o atual contexto.
Tudo o que foi dito por Putin em relação às políticas externas dos EU e da UE é real. E ele comprovou-o com factos que não quero estar aqui a enumerar. Basta ouvir o discurso.
Quero só referir um: os EU são o único país que usou armas nucleares. Hiroshima e Nagasaki. Ao todo, mataram cerca de 110.000 pessoas e feriram outras 130.000. As bombas foram utilizadas para forçar a rendição japonesa e evitar que as tropas americanas precisassem invadir o Japão por terra. Fosse eu diretora de um jornal e este seria um dos títulos da minha capa. Lá dentro, no corpo da notícia, todo o discurso. Sem comentários, sem opiniões veladas.
Porque eu não quero ser vassala de um país que se diz o mais livre do mundo, como escreve G.W.Bush: “Temos uma responsabilidade colectiva enquanto cidadãos do maior e mais livre país do mundo.”
“A Charge to Keep”, p. 240
E que na prática, em última instância, acaba com a liberdade dos outros povos. De um país que é o maior produtor mundial de armamento.
Porque eu também não quero ser vassala de um país ultra conservador, em que a liberdade é palavra mal tratada.
Quero uma Europa livre e independente!
Neste momento estamos muito longe deste cenário. Temos uma europa cega, fantoche de um país que até hoje foi o único a utilizar armas nucleares.
E por isso tenho medo.